55 minuti di Morte Densa Colloquio con Kiko Goifman, regista del "corto" che ha
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Cinquantacinque
minuti in cui otto persone raccontano un assassinio. L’unico che
hanno commesso nella loro vita, in un momento di rabbia o di paura
estrema. La figlia che pianifica la morte del padre, perché maltrattava
la moglie. L’uomo che uccide il fratello gemello perché aveva tentato
di violentargli la figlia e faceva debiti a suo nome. La donna che
assassina il marito nel tentativo di difendersi. La ragazza che spara
contro il fidanzato e gli chiede scusa nei suoi ultimi secondi di
vita. E’ questo il non facile
tema scelto dai registi Kiko Goifman e Jurandir Muller in
“Morte densa”, il cortometraggio che ha rappresentato la
cinematografia brasiliana al Festival internazionale del cinema di Locarno.
Il
lungo tempo di lavorazione è dipeso dalle difficoltà di reperire
finanziamenti e dalle difficoltà di produzione. «Nessuno voleva
sponsorizzare un video dal titolo “Morte Densa”. La prima impressione
di tutti era che si trattasse di un argomento troppo forte, troppo duro»,
spiega Kiko, presente a Locarno. «Ma a noi, invece, non interessava il
lato truculento del crimine. Quello che volevamo fare emergere era la
densità delle emozioni che si provano nel commettere un omicidio, nel
togliere una vita. I nostri intervistati, a parte uno, hanno commesso un
solo crimine, non sono killer di professione.
E non è stato affatto semplice incontrare persone disposte a raccontare la loro storia davanti a una telecamera,
mostrando il loro volto.” Contravvenendo
alla consuetudine di televisione e cinema, Goifman ha scelto di
raccontare le storie affidandosi solo alle parole dei protagonisti.
In questo modo è riuscito a parlare della morte senza mostrare violenza,
ottenendo un documentario che scorre veloce, a dispetto dei suoi 55
minuti. «Ho preferito che le persone raccontassero le proprie storie. Le
espressioni, quando si ricordano i fatti, parlano molto di più che una
ricostituzione filmata del delitto. E per lo spettatore è meglio sentire
che la vittima è stata uccisa con un coltello che vedere il coltello
insanguinato». “Morte
Densa” punta l'indice su un tipo di violenza che non è “esclusiva” del
Brasile. «Sono fatti che sarebbero potuti accadere in qualsiasi parte del
mondo», commenta Goifman,
che precisa: «Il documentario mostra quanto i limiti di tolleranza
dell’essere umano possano essere elastici. Come in un secondo, ovvero il tempo
di uno sparo non premeditato, si possa spegnere una vita e quanto da quel
momento possa
cambiare completamente la propria». Nell’opinione del regista, il video serve anche a dare voce a persone che, una volta condannate al carcere, perdono ogni diritto di parola. «E' necessario capire di che cosa parlano questi individui per comprendere maggiormente la violenza, soprattutto quella che alberga dentro ognuno di noi». In fondo “Morte Densa” è, anche, una sottile critica alla polizia brasiliana. Che emerge dalle stesse parole degli intervistati: «Quando ho visto che il trafficante mi stava minacciando sono andata a chiedere aiuto alla polizia. Mi sono sentito rispondere: perché non lo uccide? E io l’ho fatto».
55 minutos de Morte Densa
di Eliane Oliveira
Pelo
segundo ano consecutivo o Brasil participou do Festival de Locarno. No ano
passado com o curta “33”. Este ano com um vídeo em concurso. “Morte
Densa”, um documentário de 55 minutos,
conta histórias de pessoas que, em um momento de raiva ou medo
extremo, assassinaram alguém. A filha que planejou a morte do pai porque
ele maltratava a mulher; o homem que matou o irmão gêmeo porque ele
tentou violentar a sua filha e porque fazia débitos em seu nome; a mulher
que matou o marido tentando se defender; a moça que deu um tiro no
namorado em um momento de desespero e nos seus últimos segundos de vida
pediu desculpas. O
documentário é uma realização da
Paleo TV, uma produtora paulista que desde a sua abertura, há 10 anos,
privilegia produções culturais. A direção é de Kiko Goifman e
Jurandir Muller. O patrocínio é da TV Cultura e da Fundação Holandesa
Price Claus. O projeto nasceu há cinco anos de uma inquietação que
Jurandir e Kiko tinham com relação ao excesso de filmes tipo serial
killer, nos quais a morte era mostrada sem que o autor discutisse os
crimes e o significado da morte. “ Hollywood tem muito sangue e pouca
explicação" O longo período de trabalho foi graças às dificuldades de patrocínio e de produção. “Ninguém queria patrocinar um vídeo que tivesse o título “Morte Densa”. A primeira impressão de todo mundo é de que seria um material pesado demais.” Kiko acrescenta ainda que rebateu as críticas com uma afirmação, pra ele, muito simples: “as mortes são extremamente limpas. São tragédias de um cadáver só e quando elas passam a ser espetáculo deixam de ser densas. No caso da produção não foi simples encontrar pessoas que quisessem mostrar o rosto e contar a sua história. “ Os
depoimentos são gravados em fundo preto vídeo intercalados com imagens.
Contrariando a linguagem da televisão e do cinema, Kiko Goifman escolheu
não usar a narração. Ainda assim conseguiu falar de morte sem mostrar
violência obtendo um documentário que passa rápido, parecendo ter menos
de 55 minutos. “Preferi que as pessoas contassem as suas histórias. A
expressão delas quando relembram os fatos diz muito mais do que uma
reconstituição do crime, por exemplo. É melhor ouvir que foi morto com
uma faca do que ver a faca ensangüentada.” Morte
Densa fala de assassinatos que não são “privilégios” do Brasil.
“São fatos que poderiam acontecer em qualquer lugar do mundo”,
argumenta Kiko. O documentário
mostra o quanto os limites de tolerância do ser humano podem ser elásticos.
Comoum segundo, tempo de um disparo impensado, possa acabar com uma vida e
o quanto possa mudar completamente outra. Na
visão do diretor, o vídeo também serve para dar voz a essas pessoas que,
uma vez condenadas à prisão, têm o discurso cassado.” É preciso
entender o que as pessoas falam pra tentar entender um pouco da violência,
principalmente daquela que existe dentro de cada um de nós.” E, por fim,
Morte Densa é uma crítica sutil à polícia brasileira. Uma crítica
feita pelos prórpios entrevistados. “ Quando eu vi que o traficante
estava me ameaçando eu procurei a polícia. O delegado me disse: mata ele
de uma vez e eu matei.”
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